kandinsky composição VI 1913 Caos e Ordem

Cintia Marilia Cardoso Rodrigues

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Santo André, São Paulo, Brazil
Atendimentos clinicos adulto e infantil. *** Pós graduada lato sensu Psicoterapia Psicanalitica - USP *** Especialista em Teoria Psicanalitica PUC/ SP. *** Clinica Freudiana *** Clinica Lacaniana *** Clinica Extensiva em Bion *** Clinica Extensiva Melanie Klein *** Membro Sociedade Rorschach SP. ** Grafoanalista. ** Membro APP - Associação Psicoterapia Psicanalitica. Aprimoramentos em Psicossomática, Interpretação dos sonhos,Toxicomania,Transtornos alimentares, Depressão e seus vieses, Transtorno Pânico, Fobias entre outros desdobramentos psiquicos.

segunda-feira, 31 de maio de 2010


McDOUGALL - Especialissima... imperdivel...


in Percurso, São Paulo, Vol.18, p.1O4-1O6, 1997."Para um psicanalista, publicar um livro dito de Psicanálise é também de certa forma se publicar, revelar um fragmento de si."

A melhor maneira de apresentar Joyce McDougall é convidando o leitor a visitar sua obra. Autora de 5 livros , traduzidos em mais de dez línguas, dentre as quais o japonês e o hebreu, e de inúmeros artigos, solicitada à dar conferências no mundo inteiro, até mesmo na India, convidada pelo Dalai-Lama interessado na importância de Freud na cultura ocidental, Joyce McDougall soube tirar partido dos conflitos nas Sociedades anglo-saxônicas e francesas, para construir uma obra pessoal ao abrigo de todo sectarismo.
O compromisso para com a sua própria verdade, torna a obra de Joyce McDougall um trabalho de referência, onde o leitor é constantemente remetido às suas próprias questões, num continuo movimento de confrontação com seus aspectos neuróticos, psicóticos, perversos e normopatas.

O interesse de Joyce McDougall pela psicanálise começa aos 17 anos quando lê apaixonadamente a "Psicopatologia de vida cotidiana" de Freud. A partir desse encontro decisivo, Joyce decide estudar psicologia em vez de medicina, como era o desejo da família. Ela se inscreve então na Universidade de Otago onde lê todas as obras de psicanálise alí disponíveis, ao mesmo tempo em que sente crescer o desejo de fazer uma análise pessoal e o de tornar-se analista.


A originalidade do "método McDougall" reside na constante prática de uma "teorização flutuante" indissociável de movimentos transferências e contra-transferências. Afirmando não haver diferenças nítidas entre a teoria e a clínica psicanalítica, Joyce McDougall sustenta que os casos clínicos em si nada provam, servindo apenas para ilustrar uma concepção teórica. Nesse sentido, o perigo é que as teorias se transformem em dogmas ao ponto de, na tentativa de prová-las, a escuta clínica seja comprometida.

A metáfora do Teatro como local dos conflitos psíquicos é central em sua obra. (Teatros do eu, Teatros do corpo) Nesse espaço Joyce cria seus conceitos originais tais como os de atos-sintomas, de neo-sexualidades, adicção, sexo-adicto, ou ainda termos chaves como os de anti-analisando, normopatia e desafectação. Partindo da força criativa de Eros, o trabalho psicanalítico oferece a possibilidade de criar novos cenários mais adaptados a uma vida psíquica harmoniosa evitando a repetição de cenários infantis dominados por angústias imaginárias ou reais.

Muito solicitada internacionalmente, sobretudo entre os anglo-saxões, Joyce faz uma espécie de ponte entre a escola inglesa, americana e francesa tentando, sem nenhum sectarismo, sublinhar a riqueza e a particularidade de cada escola.

O lugar de destaque que ocupa Joyce McDougall na psicanálise contemporânea é indiscutível. Fiel à sua posição de analista, seu contínuo movimento de questionamento faz com que ela forje suas próprias respostas quando não encontra as que julga adequadas. Ainda que se possa não concordar com todas as suas posições teórico-clinicas, não se pode negar a força de persuasão de seu trabalho clínico assim como o seu imenso talento para traduzir em palavras os sentimentos, as paixões, enfim, todos os movimentos do funcionamento psíquico.

Paulo Roberto Ceccarelli*